12 de março de 2010

Enterrado vivo



Dois anos passaram e dois anos vieram desde a tarde em que te entregaste e eu me dei.
Julguei ser para sempre, mais uma vez...

Não o escrevo para me lembrar, gostava de arrancar-te de mim tal como o fizeste comigo.

Hoje encaixotei todos os sorrisos, todas as histórias, todas as mentiras, todos os beijos, todos os olhares...tudo o que me ofereceste e eu aceitei sem pensar.
Pensei em atirá-los pela janela mas era tudo demasiado.
Pensei em regressar à tarde dos gelados, do banco de jardim e dos beijos mas detive-me.
Pensei em entregar-tos mas não te procuro mais.

Não interessa onde os deixe! Interessa onde eles vivem.
Tentei matá-los.

Gostava de poder ter dito "Adeus" se realmente assim o querias.
Gostava de poder ter pedido uma última música.
Gostava de poder ter dito que não queria o passado mas sim quem conheço. Ou conheci...
Não me deste tempo para nada.
Viraste as costas sem a minha permissão.


Todas estas ruas cheiram a cobardia e mentira.
Em todas elas te vejo. Em todas impregnaste o teu cheiro.
E continuas a fugir mas esqueces-te que não podes esconder-te.


Não sei mais quem és.
Sem a tua permissão, hoje enterrei-te vivo.