7 de julho de 2011

Fita Vermelha


Não falta qualquer coisa?

Depois de uma respiração profunda entre as gotas de chuva que não caíam mais, caminhei pensamentos e desembrulhei sentimentos empacotados naqueles recantos de que havia memória.

Não pedi nada. Aliás, pedi sim! Pedi aquilo a que tinha direito.

Não recebi.


Tropecei em palavras, empurrei razões, corri sobre o tempo e sorri sobre clarões, sempre.

Mesmo os que não esperava encontrar.


Afinal, triste é sabermos a verdade antes do tempo.

Sabia-a. Quis ignorar. Antes, quis acreditar.

E perdoar.


Guardo o peso do mundo num armazém algures por aí. Um peso que lançarei ao mar das minhas costas, não tardará muito.

Antes relembrarei o caos deste passado recente.

Há quem procure beleza nas mentiras… eu procuro-lhes o reflexo de uns lábios.

Lábios que guardam os meus.

Lembretes que mencionam o meu nome algures em registo de agenda… conto já com a sua inexistência.

Não encontrei razão que me mantivesse aqui.
Hoje tenho razões para partir.

Mas ainda gosto de ler olhares, gosto do cheiro da provocação e desrespeito, gosto de sentir corações a galope, gosto de enfrentar ventos de desilusão e amargura, gosto de o concretizar enquanto faço embrulhos.

Gosto de sentir a luta para me afogar, para me esconder enquanto represento e visto o papel de actriz perfeita.



No fim, parto sem olhar pra trás.

Ficam embrulhos de sentimentos e os restos de uma noite pronta a retirar-lhes a fita vermelha…

“O silêncio existe quando a ridicularidade supera a inteligência do que poderia ser dito.”


Não falta nada.