17 de novembro de 2007

As palavras que o tempo ofereceu

O tempo passa e ao certo não sabemos se somos nós quem passa por ele.
As palavras que outrora juraste dar-me, guardo-as agora envoltas em veludo negro humedecido em sangue.
Todas as outras que pensei tê-las de ti, guardo-as nos recantos dos meus pensamentos.

Podíamos até julgar como infinito, o Tempo, aquele que agora julgo como roubado de nós… e te encontro como ladrão.
Podíamos até desejar tudo e não querermos nada.
Podíamos até fingir que nos imensos momentos de sofrimento era a tua mão que eu agarrava e era no teu peito que as lágrimas escorriam.
No meio de tanto fingimento, poderia eu até fingir que nada sinto quando que, por magia, essas palavras se desdobram do seu veludo e me perfuram o peito como lâminas.
Depois regressam ao seu negro e aveludado lar, sempre mais cheio, sem um único sinal de constrangimento. Guardam-nas de novo, umas mãos ensanguentadas, frias e despidas no vazio do tudo.

Ficam as memórias, as saudades e a dor das palavras que guardo no pensamento e das que me deste juntamente com uma rosa, em cujas pétalas vermelhas do meu coração, encontrei escrito a corte: O tempo passa... e o nosso passou.