12 de março de 2010

Enterrado vivo



Dois anos passaram e dois anos vieram desde a tarde em que te entregaste e eu me dei.
Julguei ser para sempre, mais uma vez...

Não o escrevo para me lembrar, gostava de arrancar-te de mim tal como o fizeste comigo.

Hoje encaixotei todos os sorrisos, todas as histórias, todas as mentiras, todos os beijos, todos os olhares...tudo o que me ofereceste e eu aceitei sem pensar.
Pensei em atirá-los pela janela mas era tudo demasiado.
Pensei em regressar à tarde dos gelados, do banco de jardim e dos beijos mas detive-me.
Pensei em entregar-tos mas não te procuro mais.

Não interessa onde os deixe! Interessa onde eles vivem.
Tentei matá-los.

Gostava de poder ter dito "Adeus" se realmente assim o querias.
Gostava de poder ter pedido uma última música.
Gostava de poder ter dito que não queria o passado mas sim quem conheço. Ou conheci...
Não me deste tempo para nada.
Viraste as costas sem a minha permissão.


Todas estas ruas cheiram a cobardia e mentira.
Em todas elas te vejo. Em todas impregnaste o teu cheiro.
E continuas a fugir mas esqueces-te que não podes esconder-te.


Não sei mais quem és.
Sem a tua permissão, hoje enterrei-te vivo.

10 comentários:

  1. grande acto de coragem! talvez um dia também a tenha... mas hoje sofro e a culpa é minha!

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  2. ultimo parágrafo...
    lovely! ...

    *

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  3. sempre gostei da tua maneira de escrever...

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  4. Olá querida =)
    Passei por aqui e deparei-me com um texto magnifico! Parabéns pela coragem que tiveste em escrevê-lo.
    Espero que da próxima vez seja mesmo para SEMPRE e que não seja preciso encaixotar nada :)
    Bjinhos**

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  5. Que belo texto! Pleno de sentires bem racionais!
    Parabéns.

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  6. Sofia,

    Tenho lido e relido este teu "grito do Ipiranga",
    e apenas me vem a mente uma frase.

    "Por vezes nao basta virar a pagina, temos mesmo de a arrancar do livro". Acto TEU e so TEU e de tua coragem. . . Sente-te Orgulhosa do passo que deste.

    Beijo

    Continuo a ler . . .

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