24 de janeiro de 2011

O Espinho da Espera




Tentei escrevê-lo. A minha cabeça desconcentrou-me de dor.
Resolvi sair e percorrer as ruas da ansiedade perdida há dias, algures dentro de alguém. Não me encontrei.
Contei as horas do tempo e da verdade morta, apenas entretenimento. Tal como também eu o sou. Entretenimento.
Ouvi o começo da música que dizem ser minha. E pela primeira vez desliguei o rádio.
Quis agarrar o que pensei ser meu. Desisti, é todo vosso.
Procurei sinais, sons e rostos. Descobri-me em todos os locais errados.
Sussurraram-me "vais cair". Preferi olhar o céu no mar.

Senti a chamada de segredos, o toque de um calor especial. Fingi ter força.
Deitei fora palavras, sensações e razão. Fechei os olhos e adormeci sobre o que desejei sempre. Soube-o ali.
Acordei e uma lágrima ficou em meu lugar. No fundo, estava vazia e continuá-lo-ia.

Parti sem querer olhar pra trás. Mas olhei. Desnecessariamente, descobri-o.
Esperei a palavra, o calor e o toque. Encontrei a lágrima. Apenas.

E caí.