8 de setembro de 2011

Palavras Na Rua, Mentiras No Vento




Há muito, muito vento. O mar deixou de ser quem era e eu não consigo escrever.

Como a força das ondas que rebentam na sua amplitude de "quereres", assim foi sempre a vontade de acreditar. Acreditar na mudança. Acreditar que o ontem é a mesma esquina com que hoje me recuso cruzar. Mas ainda assim, sei que passarei lá. Sem amplitudes.
E eu sei porque queremos acreditar.
Foi assim que decidi baixar a capa. Sabia-o temporário, sabia-o errado, mas ainda assim...despi-me.
Despi-me eu. Ninguém o fez por mim.

E testei-me.
Fi-lo com a força do desejo da dor crescente e residente.
Fi-lo acompanhada por todas as razões e todos os erros.
Fi-lo com as músicas mais previsíveis e dolorosas na noite da minha mente... E hoje sei que só eu as ouvi.
Testei-me enquanto me testavam.


Não tive noção de ver nascer nada.
Foram-me entregues palavras em forma de notícias publicadas algures em lado nenhum.
E quisesse eu sabê-lo...No fundo sempre o soube.
Afinal, triste é saber a verdade antes do tempo. E com a mesma onda, quis acreditar que também a verdade podia ser mudada.
Mas alguém rebentou a escala no teste da previsibilidade. E perdeu a noção de mim.



Está muito, muito vento. E deixei voar o que não me pertence.
Vesti-me.
Sabemos que um dia alguém saberá tirá-la.
Hoje, nem esvoaça.

Hoje o mar sou eu.